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Eu queria ser Renato


Boa parte da minha infância eu passei brincando no terreiro de casa com meus amigos e irmãos. Ali subíamos nos muros imitando um trem com locomotiva e vagões, trepávamos no pé de carambola, imitávamos os cantores da época.

Nesse tempo, já habilidoso, eu construía meus próprios brinquedos (carrinhos, instrumentos musicais, patinetes, jogos de sinuca com caixa de sardinha, que fedia tanto...) e às vezes eu os emprestava ou vendia aos amigos e apurava dinheiro para as matinês do Cinema Apolo.

Toda essa brincadeira era embalada com os sucessos musicais do ieiê, ieiê, ieiê tocados no rádio de casa ou nos vizinhos.

O quintal fazia fundo com o abrigo “São Vicente de Paula” e numa daquelas tardes de domingo enquanto brincávamos descalços, com calção curto e melados de suor, de repente ouvi a música “Negro Gato” e gritei – é Renato, é Renato! Saímos em disparada para a entrada do ginásio a fim de ver nossos ídolos cabeludos, com suas botinhas, cinturões e tudo o mais.

Moacir Qui Qui Qui, passou pela portaria, mas eu fui barrado pela Freira porque estava de calção e sem camisa. Voltei voando, pra tomar banho pedindo pra minha mãe uma roupa limpa e só então poder entrar. Hoje, revisitando minhas memórias, sinto que todo esse trajeto não levou nem 10 minutos.

Finalmente pude entrar para assistir ao show que não era do original Renato e Seus Blue Caps, mas um “conjunto” da capital que fez a nossa alegria naquele dia. Desde então esperei que voltassem para o próximo ano. E eles não voltaram...

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